Serão instalados detectores em cinco cidades para identificar a concentração da substância, que é o maior fator de risco para câncer de pulmão em não fumantes
Estudos para identificar a concentração de gás radônio avançam no País com as ações do Programa Risco de Radônio no Brasil, desenvolvido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) – empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). O objetivo dessa iniciativa é medir o risco de contaminação por radônio e gerar dados técnicos que contribuam para a prevenção do câncer de pulmão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o radônio é um elemento radioativo considerado o segundo maior fator de risco para câncer de pulmão após o tabagismo e o principal fator em não fumantes. Originado do Urânio e do Tório, o radônio está presente na água, em rochas e no solo, podendo se concentrar em ambientes fechados e representar um risco à saúde.
O SGB já realizou, desde 2021, estudos nos municípios de Butiá e São Jerônimo (RS), Caçador (SC), Carambeí (PR), Carmo da Mata e Belo Vale (MG), Bom Jesus da Lapa e Riacho de Santana (BA), Manaus e Presidente Figueiredo (AM). Neste ano, em parceria com o Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IRD/CNEN) serão instalados detectores em casas dos municípios de Macapá, Ferreira Gomes, Porto Grande, Santana e Serra do Navio, no Amapá.
Com os resultados, o SGB contribui para um estudo nacional que tem a finalidade de mapear áreas com maior risco de exposição ao radônio no país e subsidiar políticas públicas de prevenção ao câncer de pulmão, conforme explica o pesquisador do Centro de Geociências Aplicada (CGA) e coordenador do Programa, Oderson Souza.
“Os mapas de exposição ao radônio e as informações epidemiológicas são uma das ferramentas que auxiliarão no planejamento assertivo das políticas de prevenção do câncer de pulmão causados pelo radônio e planos de mitigação das residências. Visto que não se dispõe de uma estimativa da patologia induzida pelo radônio, o programa tem potencial para evitar que centenas de brasileiros sejam vitimados pela doença”, destacou o coordenador.
Os dados também auxiliam na elaboração de normativas de construção civil para evitar concentração de radônio em áreas de risco e desenvolver condutas para diminuição de concentrações em residências. Isso porque algumas matérias-primas (como fosfogesso, argila e pedras ornamentais) podem conter elementos como urânio e, portanto, exalar o radônio para dentro dos ambientes fechados, esclareceu o coordenador.
Ação no Amapá
Em janeiro, pesquisadores Oderson Souza e Marcela de Lima do Centro de Geociências Aplicadas (CGA) do SGB visitaram os municípios de Macapá, Ferreira Gomes, Porto Grande, Santana e Serra do Navio para apresentar aos gestores da Vigilância em Saúde a proposta de avaliação da exposição à radiação no solo e a medição da concentração de gás radônio em residências.
“O objetivo do projeto no Amapá é avaliar a exposição ao radônio em residências representativas das condições climáticas e de solos da região amazônica”, explica o pesquisador Oderson Souza. A proposta do SGB será submetida aos Comitês de Ética em Pesquisa do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA).
Após a aprovação, serão instalados – e mantidos por seis meses – 160 detectores passivos de radônio em 80 residências pré-selecionadas, em bairros escolhidos conforme a setorização censitária do IBGE e a geologia de superfície. Os pesquisadores também analisaram os dados aerogamaespectrométricos de concentração de urânio e de contagem total no solo.
Os detectores para medição da concentração de radônio foram fornecidos, sem custos para o projeto, pelo Laboratório de Radônio do Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IRD/CNEN). A revelação dos dados dos equipamentos será realizada no Laboratório do IRD. Após a análise, serão geradas informações sobre as áreas com maior risco para radônio, que deverão ser monitoradas e indicadas as práticas de mitigação.
Além da instalação dos detectores, será aplicado aos moradores um questionário epidemiológico orientado. O SGB também distribuirá nessas cidades cartilhas informativas sobre o risco do radônio para a saúde e maneiras de prevenção.
Parcerias
Para o desenvolvimento dos estudos no âmbito nacional, o SGB conta com apoio dos municípios visitados e também dos professores e pesquisadores das seguintes instituições:
Laboratório de Radônio do IRD/CNEN;
Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC/CNEN);
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS);
Laboratório de Prospecção Geofísica Aplicada da Universidade Federal do Paraná (LPGA/UFPR);
Laboratório de Física Nuclear Aplicada da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR);
Universidade Federal do Amazonas (UFAM);
Instituto Nacional do Câncer (INCA);
Instituto Militar de Engenharia (IME);
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (IFAP).
Por: Serviço Geológico do Brasil (SGB) – Edição: Yara Aquino