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Seca: Rio Solimões tem 65% de probabilidade de ficar abaixo da mínima histórica

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) apresentou, nesta sexta-feira (23), as probabilidades dos rios da Bacia do Amazonas registrarem recordes no período da vazante

A Bacia do Rio Amazonas enfrenta um cenário de grande seca e algumas regiões podem registrar cotas mínimas históricas. De acordo com projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB), há 65% de probabilidade do Rio Solimões chegar à menor cota já observada em Tabatinga (AM), abaixo da marca de -86 cm, de 2010. O Rio Negro, em Manaus (AM), tem 16% de probabilidade de ficar abaixo da mínima histórica. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (23), no Alerta de Vazante.

“O que irá definir a magnitude real dessa vazante é por quanto tempo as descidas devem se prolongar e o quanto o período chuvoso estará atrasado. A climatologia indica que os prognósticos de chuva não são favoráveis. Portanto, consideramos o avanço das descidas até outubro para calcular a probabilidade”, explica o pesquisador em geociências Andre Martinelli,  gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da Superintendência Regional de Manaus (SUREG-MA).

O cálculo foi realizado com base na série histórica de dados e na mediana das descidas. Martinelli ressalta que foram calculadas as probabilidades para as mínimas históricas. “Mesmo as regiões que não têm altas probabilidades de atingir as mínimas históricas (o que seria o pior cenário), enfrentam uma grande seca, que afeta toda a população”.

EstaçãoRioCota mínimaProbabilidade
Tabatinga (AM)Solimões-86 cm (2010)65% de ficar abaixo
Fonte Boa (AM)Solimões8,02 m (2010)53% de ficar abaixo
Itapéua (AM)Solimões1,31 m (2010)31% de ficar abaixo
Beruri (AM)Purus4,07 m (2023)34% de ficar abaixo
Manaus (AM)Negro12,70 m (2023)16% de ficar abaixo
Itacoatiara (AM)Amazonas36 cm (2023)14% de ficar abaixo

Cotas históricas

Tabatinga (AM) chegou a registrar a cota de 2 cm no início da semana, nos dias 18 e 19 de agosto, conforme dados do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas. Essa já é a 3ª menor marca da série histórica – atrás apenas das cotas de -75 cm (2023) e -86 cm (2010). “Já temos uma seca extrema estabelecida nessa região do Alto Solimões. No Médio Solimões até Manaus (AM), ainda não foram alcançadas as cotas que trazem transtorno, mas a tendência é que isso ocorra”, disse Martinelli. Nesta semana, já começaram a ser observadas descidas mais intensificadas, da ordem de 20 cm por dia, no Rio Negro, em Manaus (AM), efeito do que ocorre em Tabatinga (AM).

O pesquisador enfatiza que as secas extremas refletem uma mudança no padrão dos regimes hidrológicos observados nos últimos 20 anos: “A gente tem vivenciado, cada vez de forma mais frequente, esses eventos hidrológicos extremos, tanto de cheia quanto de vazante. Isso tem muita relação com as mudanças climáticas”.

Políticas públicas

Esse é o 1º Alerta de Vazante da Bacia do Rio Amazonas e tem por objetivo chamar a atenção para a intensificação da seca na região e apoiar políticas públicas que visem mitigar e prevenir seus efeitos. “É só por meio da informação que podemos planejar e investir em ações de enfrentamento a eventos extremos. Esse trabalho está alinhado à missão do SGB de gerar e disseminar conhecimento geocientífico, contribuindo para a qualidade de vida da população e desenvolvimento sustentável do país”, destaca Martinelli.

Por: Agência Gov | Via SGB

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