Canção que dá título ao álbum Guaipeca entra nas plataformas digitais em 10 de fevereiro.
Para financiar o trabalho inédito em vinil, cantor e compositor abre campanha no Catarse.
Capa do single Guaipeca – crédito: Patrick Tedesco
Guaipeca é o single que abre a série de lançamentos do álbum Guaipeca: uma ilusão autobiográfica, quarto disco de Leandro Maia. A canção entra nas plataformas digitais no dia 10 de fevereiro de 2023.
Produzido por Luciano Mello, cantor e compositor radicado em Portugal que já trabalhou com artistas como Elza Soares, Caetano Velloso e Marina, o registro conta com a participação da atriz Maria Falkembach e do baterista Marcelo Callado. A faixa caracteriza-se como um “punk-rock-de-galpão”, numa canção-manifesto com voz, violão, bateria e megafone.
Para o financiamento do disco em vinil, o autor recebe contribuições em campanha na plataforma Catarse, aberta em 3 de fevereiro de 2023.
Que bicho é esse?
Guaipeca é como se chama o cachorro vira-lata. Uma palavra de origem indígena, muito utilizada no sul do país para o “cachorro de rua”, “bicho solto”.
O escritor e professor de Literatura Luís Augusto Fischer designa Guaipeca, em seu Dicionário de Porto-Alegrês (2007), o “cachorro de raça qualquer, ou melhor, de raça indefinida. Mais raramente se usa para gente interiorana e bruta, não acostumada com a cidade”.
Conforme o memorável escritor fronteiriço Aldyr Schlee, em seu “Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Riograndense” (2019), o Guaipeca é um “cusco, cachorrinho, cachorro de pequeno tamanho e de raça indefinida”.
Guaipeca é avatar, o alter ego, o duplo que Leandro Maia escolheu para contar a sua “ilusão autobiográfica”, que se desenvolve em três eixos narrativos interligados: o amor, o humor e a política (crítica social).
Em Guaipeca, não se trata de louvar o complexo de vira-lata criticado por Nelson Rodrigues, mas de celebrar a vira-latinice do sul global. Guaipeca não tem complexo de vira-lata. A vira-latinice guaipeca descoloniza, ao mesmo tempo em que problematiza identidades e estereótipos. Para o vira-latino, fronteiras não são barreiras ou divisórias, mas superfícies de contato.
Guaipeca é uma canção, mas também um álbum composto de 12 canções autorais que serão lançadas a seguir. Para o disco, Leandro mesclou à letra original da canção o poema “Negritodes”, gritado a plenos pulmões pela atriz e bailarina Maria Falkembach.
Leandro Maia – crédito: Nando Rossa
Sobre Leandro Maia
Leandro Maia possui três discos autorais: Palavreio (2008, produzido por Pedrinho Figueiredo), Mandinho (2012, produzido por Leandro e Luiz Ribeiro) e Suíte Maria Bonita e Outras Veredas (2014, produzido por André Mehmari). Recebeu o 1º Prémio Ibermúsicas de Composición de Canción Popular, concedido pela Organização dos Estados Ibero-Americanos. Recebeu o Troféu Brasil-Sul de Música como intérprete, melhor projeto visual e melhor disco infantil (para Mandinho). Possui cinco Prêmios Açorianos de Música (Grupo MPB, Revelação, Intérprete, Disco Infantil), um Troféu RBS Cultura e diversas indicações como compositor e melhor espetáculo. Em 2020, lançou o filme “Paisagens”, dirigido por Juliano Ambrosini e Nando Rossa.
Leandro Maia é PhD em Música (Songwriting) pela Bath Spa University, Mestre em Letras (UFRGS) e Licenciado em Música (UFRGS). É professor do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), junto aos Cursos de Bacharelado em Música e Especialização em Artes.
Serviço
Lançamento do single Guaipeca de Leandro Maia nas plataformas digitais:
Disponível a partir de dia 10 de fevereiro de 2023 em tratore.ffm.to/guaipeca
Campanha de financiamento do álbum Guaipeca: uma ilusão autobiográfica:
Disponível a partir de 3 de fevereiro de 2023 em catarse.me/guaipeca
Links do artista:
https://www.leandromaia.com.br/imprensa
https://linktr.ee/Leandro.Maia
Ficha Técnica
Produzido por Luciano Mello
Masterizado por Marcos Abreu
Gravado por Leandro Maia e Luciano Mello no Téu Téu Studio, Laranjal (Pelotas)
Editado e Mixado por Luciano Mello
Mixado por Luciano Mello no Quatro
Edição de vozes: Rodrigo Esmute Farias
Capa e Encarte, Arte e Fotografias: Patrick Tedesco
Guaipeca da Capa e Encarte: Rei Lucas Bibi de Mello e Tedesco
Letra
Guaipeca
(Leandro Maia)
O guaipeca nunca foge de casa
O guaipeca tem a casa na rua
O guaipeca não precisa de nada
O guaipeca nunca foge da luta
E vê o tumulto ao redor
E uiva pra lua
Se o guaipeca tá num pega pra capar
O guaipeca então encara e se arrisca
Mas guaipeca não tolera general
Um guaipeca nunca se alista
E vê o tumulto ao redor
Uiva pra lua
Quando mundo anda esquisito assim careta feio e mau
Eu penso logo num guaipeca olhando à toa marginal
Essa gente muito chata olhando ingrata pro jornal
Eu não entendo de onde vem todo esse ódio mortal
Essa doença humana insana de ter medo de tudo
Essa doença humana insana de ter raiva de tudo
Essa doença humana insana de ter preço pra tudo
Essa doença humana insana tosca e ocidental
O guaipeca sabido no sol
entende da vida real
E vendo o tumulto ao redor
uiva pra lua
*se foi o quadrado semiótico
Se foi o rizoma
Agora é pão-pão queijo-queijo
Olho por olho
Dente por dente
Em tempos de fascirracismo
É preciso ser binário
Necessário ser do contra
ser anti é necessário
Não basta não ser racista
Não basta não ser fascista
É preciso tomar o lado contrário
Não basta não ser racista
Não basta não ser fascista
É preciso tomar o lado contrário
É Negritodes contra branquitudo*
O guaipeca sabido no sol
entende da vida real
E vendo o tumulto ao redor
uiva pra lua
O guaipeca não é de se entregar
Nem vai deixar cair a peteca
O guaipeca sabe a hora de atacar
O guaipeca
O guaipeca
O guaipeca
me representa
* trecho do poema Negritodes
Por Isidoro B. Guggiana