A cidade de São Paulo foi palco de uma intensa mobilização com a realização do CLÍMAX SP – Encontro de Soluções Climáticas, no início do mês, um espaço de escuta e articulação que reuniu lideranças e coletivos de diferentes regiões do Brasil, com destaque para representantes da Amazônia. O evento realizou também uma homenagem para a jornalista e ativista Marielle Ramires e debates sobre a COP30, que acontecerá em novembro, em Belém (PA).
Durante dois dias de programação, ativistas, comunicadores e representantes de povos tradicionais discutiram caminhos para colocar no centro do debate aqueles que resistem, criam e promovem soluções sustentáveis diante da crise climática.
A abertura aconteceu na quinta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, com o ato “Presente para Mari”, uma homenagem à jornalista e ativista Marielle Ramires, que faleceu recentemente. Ela foi uma referência na comunicação engajada, com forte atuação em pautas socioambientais, indígenas e de gênero. Fundadora das redes Mídia NINJA, Casa NINJA Amazônia e Fora do Eixo, ela deixou um legado importante para a luta por justiça social e ambiental.
“Nós, do CNS, sempre tivemos uma conexão muito especial com ela. Marielle esteve ao nosso lado em momentos importantes, nos apoiando e nos incentivando a seguir em frente na jornada da comunicação, sempre com muito carinho e dedicação”, afirma Cátia Santos, coordenadora de comunicação do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS).
Sustentabilidade e rumos para a COP30
Na sexta-feira (6), o encontro deu continuidade à programação com a reunião da Coalizão Floresta Ativista Amazônia, promovida pelo CNS, Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e Casa NINJA Amazônia, como parte do projeto Vozes pela Ação Climática Justa (VCA).
O momento foi dedicado à troca de saberes, definição de estratégias e à mobilização contra o Projeto de Lei nº 2.159/2021, conhecido como “PL da Devastação”. “Esta é uma mobilização que reforça nosso compromisso em proteger a floresta e as comunidades que dela dependem, especialmente frente a projetos que ameaçam o equilíbrio ambiental e os direitos dos povos indígenas e tradicionais”, destaca Santos.
Outro ponto alto foi a realização do Fórum COP30 – Jornada de Mobilização, que proporcionou um espaço de articulação entre organizações da sociedade civil sobre o papel da COP como catalisadora de mudanças.
“O CNS, com várias outras organizações, está planejando levar a história das Reservas Extrativistas (RESEXs) e a própria história do CNS, que está completando 40 anos, para levantar essa discussão e dar visibilidade para nossos territórios e lideranças”, explica Santos.
Wendel Araújo, secretário de Juventude do CNS, reforçou a importância de ampliar esse debate para além dos grandes centros urbanos. “O que temos feito em nossas mobilizações no interior é falar o que é a COP, mas também fazer o alinhamento das pautas para que aqueles que consigam acessar estejam representando o nosso segmento”, explica.
Comunicação como ferramenta de transformação
A programação encerrou com o painel “Jornalismo de Soluções Climáticas”, reunindo comunicadores que defendem um jornalismo mais engajado com as pautas socioambientais e comprometido com o protagonismo das comunidades tradicionais da Amazônia. O debate está disponível no canal da @midianinja, no YouTube.
Cátia Santos representou o CNS no debate, que também teve a participação do Erisvan Guajajara, coordenador de comunicação do Mídia Ninja Indígena, Rogério Assis, fotojornalista independente e Tayguara Ribeiro, jornalista da Folha de S. Paulo.
“Nosso encontro foi ótimo para gente fortalecer a coalizão para além dos projetos específicos, que estamos articulando em conjunto. Tivemos a oportunidade de trocar ideia sobre os aprendizados que tivemos ao longo dessa parceria e já traçar planos pras próximas missões”, comentou um dos coordenadores do Mídia Ninja, Clayton Nobre.
Fonte: Up Comunicação Inteligente – Emanuelle Aráujo
