Transtorno do Espectro Autista: informação de qualidade ajuda a combater preconceito

Família, escola e profissionais de saúde devem ficar atentos a sinais e procurar um diagnóstico especializado

É preciso combater o preconceito, buscar informação correta e construir ambientes acolhedores e inclusivos nos quais todos possam se sentir aceitos, respeitados e amados. Estas são as mensagens de profissionais de hospitais universitários vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que trabalham com pessoas identificadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por ocasião do dia 2 de abril, data criada com o objetivo de atrair a atenção do público para esta realidade, eles esclarecem sobre diagnóstico e tratamento e orientam as famílias.

A médica pediatra do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), Fernanda Cristina Rodrigues Dubourg, ressalta a importância da sensibilização da sociedade e do cuidado e assistência para as pessoas com TEA. Mãe de adolescente no espectro, ela fala do que espera da sociedade e das famílias: “Que nossos filhos existam e sejam reconhecidos e respeitados na sua neurodiversidade, para que possam, de fato, ser inseridos na sociedade, e tenham uma vida plena, com autonomia e auto-confiança”, disse.

A coordenadora do ambulatório de Neuropediatria do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (HUGG-Unirio), Ana Rosa Airão, explicou que, embora o termo “autismo” seja o mais usado, a tendência é de que esta palavra seja substituída pelo termo “Transtorno do Espectro Autista”. “Palavras que terminam em ‘ismo’ geralmente são usadas para classificar doenças e o TEA não é uma doença. Até o termo ‘transtorno’ não é adequado, na minha opinião, mas esse é o termo utilizado internacionalmente”, ensinou.

Segundo ela, o TEA é caracterizado por dificuldades de interação social e de comunicação e comportamentos repetitivos e restritos. O diagnóstico precoce, que é clínico e multidisciplinar, é fundamental para ter bons resultados. “Nenhum exame é capaz de dar este diagnóstico. Ele depende da observação do comportamento pelo médico, em conjunto com a família e demais profissionais da saúde como psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros. É sempre uma observação de vários ambientes e situações diferentes”, acrescentou a professora de Neuropediatria na Unirio, para quem o Dia de Conscientização do Autismo é fundamental: diminui o preconceito, abre espaço para a inclusão efetiva e promove a conscientização da sociedade.

Padrão-ouro para TEA é a intervenção precoce 

A neuropediatra do Hospital Universitário Lauro Wanderley, da Universidade Federal da Paraíba (HULW-UFPB), Juliana Carneiro Monteiro Wanderley, explicou que essa conscientização e atenção aos sinais são importantes até porque o padrão-ouro para o TEA é a intervenção precoce, que deve ser iniciada tão logo haja suspeita ou imediatamente após o diagnóstico por uma equipe interdisciplinar. “O tratamento consiste em um conjunto de modalidades terapêuticas que visam aumentar o potencial do desenvolvimento social e de comunicação da criança, proteger o funcionamento intelectual reduzindo danos, melhorar a qualidade de vida e dirigir competências para a autonomia, além de diminuir as angústias da família”. Os principais pilares da equipe interdisciplinar, segundo ela, são a família, a equipe de educação e a de saúde.

Juliana Wanderley explica que, atualmente, não há tratamento farmacológico para o TEA. “O tratamento psicofarmacológico visa o controle de sintomas associados ao quadro, quando estes interferem negativamente na qualidade de vida da criança”, explicou a especialista, que é coordenadora do projeto de extensão do Centro de Ciências Médicas da UFPB, que é realizado dentro do follow-up neonatal do HULW. O projeto aborda as questões relacionadas ao neurodesenvolvimento, sobretudo de recém-nascidos e lactentes de risco, e foca também nas questões relacionadas ao TEA.

Pedagoga aponta papel da família 

De acordo com a pedagoga do Hospital Universitário da Universidade Federal do Sergipe (HU-UFS/Ebserh), Andréa Cristina de Souza Silva, a família pode contribuir na identificação do TEA e procurar um médico sempre que houver dúvidas quanto ao comportamento da criança que afeta a sua vida social. Alguns sinais não representam um diagnóstico, mas podem servir para orientar a família e o pediatra.

“Se a criança demorou a falar ou não fala (pode ser um alerta, mas não é determinante), tem agressividade exacerbada, impulsividade, seletividade alimentar e estereotipias, a família deve ficar atenta a procurar ajuda especializada, pois quanto antes houver o diagnóstico, maiores as chances de reabilitação terapêutica”, disse Andréa Silva. Ela finalizou afirmando que o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é fundamental para ajudar a entender melhor o TEA e garantir que as pessoas diagnosticadas sejam atendidas e se sintam incluídas.

Tire suas dúvidas sobre mitos e verdades relacionados ao TEA

Saiba mais sobre o TEA

Sobre a Ebserh 

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Por: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)

COMPARTILHAR

Related posts

Marco histórico: Conselho Pleno aprova proposta para garantir direitos aos advogados com deficiência

“De Repente Mãe” estreia na TV Norte SBT com Luana Borba

Sesc Amazonas terá programação natalina com entrada gratuita, nesta sexta-feira (13)