Conhecida como “a terra das cachoeiras”, o município de Presidente Figueiredo (distante 146 quilômetros de Manaus) recebeu pela primeira vez as Olimpíadas da Juventude da Floresta, da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). O evento esportivo ocorreu na Vila Balbina, nos dias 6, 7 e 8 de julho e reuniu mais de 100 crianças e adolescentes em várias atividades esportivas.
A olimpíada é realizada pela FAS e tem o objetivo de fomentar o esporte entre os adolescentes de 10 a 17 anos e, dessa forma, fortalecer os direitos das crianças e dos adolescentes. A partir das atividades, a expectativa é de que os participantes levem o modelo de competição para as suas comunidades.
A estudante Luana Lindalva, de 15 anos, é da comunidade São Jorge e participou pela primeira vez de uma olimpíada. Para ela, estar em uma competição com os colegas comunitários é importante para aprender novas modalidades e levar para sua comunidade.
“É uma oportunidade muito grande que está acontecendo para os jovens de Balbina e dos ramais próximos. Agradecemos por essa oportunidade, principalmente porque muitas vezes somos esquecidos. Na nossa comunidade, nós praticamos vôlei e futebol, mas agora com o evento, vamos levar vários esportes como aprendizado”.
Já a estudante Rose Nazareth Rodrigues, de 15 anos, da comunidade Marcos Freire, disse que o evento é importante porque muitos jovens precisam dessas atividades.
“Eu nunca tinha saído assim da minha comunidade para ir jogar em outra. É a minha primeira vez aqui em Balbina, então está sendo uma experiência totalmente incrível. Pra mim, é importante porque a gente tem muitos jovens que precisam de eventos iguais a esses. O esporte é muito importante para nós que somos jovens. Perdendo ou ganhando, a gente veio para competir”, declarou.
Na quinta-feira, 6 de julho, a abertura do evento contou com a entrada das delegações, bandeiras, corrida olímpica, acendimento da tocha e pira olímpica e apresentações culturais dos estudantes.
As atividades na sexta-feira, 7, começaram cedo. Às 9h, as equipes iniciaram o vôlei, na modalidade feminina e masculina. À tarde, foi a vez do cabo de guerra, corrida de saco, corrida de 100 metros, salto em distância e queimada. Além disso, as equipes participaram, à noite, de uma programação cultural das delegações com premiações.
No último dia da olimpíada, no sábado, 8, os estudantes competiram nas modalidades de dama e futebol. No período da noite, o encerramento do evento teve as premiações do primeiro, segundo e terceiro lugar.
O estudante Miguel da Silva, de 15 anos, da comunidade Nova Jerusalém falou sobre a competição. “Todos aqui gostam de esportes, assim como eu gosto de futebol, e é a primeira vez que eu estou vindo a uma competição”, afirmou.
A gerente do Programa de Educação para Sustentabilidade (PES) da FAS, Fabiana Cunha, explica que a fundação proporciona momentos de lazer e esporte por meio de qualificações realizadas ao longo do ano. Depois dessas atividades, é marcada a competição esportiva. Essa foi a primeira vez no município de Presidente Figueiredo.
“Essa edição da olimpíada marca o município por ser a primeira. Então, muitos desses jovens estão vivenciando isso pela primeira vez. A gente espera, através de um evento desses e desse trabalho, fortalecer cada vez mais os direitos das crianças e dos adolescentes nas comunidades porque a gente acredita que o esporte e o lazer de qualidade precisam ser presentes no dia a dia das crianças. Em um evento como esse, a gente mostra que é possível”, disse.
A educadora social do PES, Thais Soares, explica o diferencial do trabalho da FAS no município. Por ser de comunidades acessíveis por vias terrestres e não fluviais, como é o caso das comunidades ribeirinhas de outros municípios atendidos pela FAS, há diferenças nas abordagens.
“Aqui nós temos o objetivo de fortalecer atividades voltadas para os direitos fundamentais, entrando nas áreas de assistência, saúde, esporte, lazer e educação”, comenta.
Incentivo educacional
Acompanhando seus alunos de perto durante a olimpíada, os professores destacaram a importância educacional do evento realizado pela FAS como forma de incentivar os alunos a escolherem suas profissões.
“É um projeto maravilhoso que não dá somente diversão para os alunos, mas ensina que eles tenham autonomia da sua própria vida e história. E escolher no esporte o que eles querem [na profissão] para eles. É uma forma maravilhosa que incentiva a juventude, tanto no aspecto social quanto no profissional. Eles têm uma nova visão quando chegam nas suas casas e comunidades. Às vezes, o jovem não tem escolha na sua comunidade e a FAS oportuniza isso, ela abre esse leque de oportunidades e muitos [deles] abraçam com coragem e força”, afirma a pedagoga da comunidade Nova Jerusalém, Miracelma Pinheiro.
Da mesma forma, o professor de língua portuguesa na Vila de Balbina, Ronaldo Júnior, acredita que o projeto oferece oportunidades. “O esporte edifica e traz essas crianças que se encontram dispersas, muitas vezes, sem saber o que fazer da vida, dando um horizonte para elas. O que a FAS está fazendo hoje na Vila de Balbina é algo histórico e importante. Nós estamos orgulhosos de ter esse evento aqui”, afirmou.
Delegações
Divididos em sete delegações, as equipes tiveram nomes regionais e que simbolizavam suas comunidades como Açaí, Cupuaçu, Waimiri Atroari, Tucunaré, Lagoa Azul, Buritirana e Melancia.
Ao final da competição, a equipe Buritirana foi a vencedora, já a Waimiri-Atroari ficou com segundo lugar e a Cupuaçu em terceiro. Todas ganharam medalhas e o primeiro lugar garantiu um troféu. Sobre as Olimpíadas na Floresta
A Olimpíada na Floresta é realizada ao longo de todos os anos em comunidades onde a FAS atua. O evento acontece deste 2017 e é realizado dentro das atividades do Programa de Desenvolvimento Integral da Criança e do Adolescente Ribeirinho da Amazônia (Dicara). O projeto em Presidente Figueiredo conta com apoio da Prefeitura de Presidente Figueiredo, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e Secretaria de Meio Ambiente do Governo do Estado do Amazonas (Sema/AM).Sobre a FAS
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia por meio de programas e projetos nas áreas de educação e cidadania, saúde, empoderamento, pesquisa e inovação, conservação ambiental, infraestrutura comunitária, empreendedorismo e geração de renda. A FAS tem como missão contribuir para a conservação do bioma pela valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade e pela melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia. Em 2023, a instituição completa 15 anos de atuação com números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 40% no desmatamento em áreas atendidas entre 2008 e 2021.–
Fonte: Up Comunicação Inteligente – Emanuelle Aráujo