Evento na UFAM aborda desafios socioambientais na Amazônia

Os desafios socioambientais enfrentados por indígenas, ribeirinhos, quilombolas e extrativistas da Amazônia profunda foram o foco central do painel interdisciplinar “Mulheres, a Crise Climática e a Sustentabilidade”, realizado, nesta quinta-feira (5), no Encontro de Estudo sobre Mulheres da Floresta (Emflor), que segue até nesta sexta-feira, dia 6 de dezembro, com entrada gratuita, no Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em Manaus. 

O evento abordou os impactos das mudanças climáticas e as ameaças das práticas predatórias de empresas privadas, reafirmando a valorização da ancestralidade cultural e a união entre movimentos sociais, e acadêmicos.

“Esses são temas que vão se articulando. Todos eles culminam em um chamado. O planeta neste momento passa por essa crise climática e nós precisamos nos voltar aos saberes tradicionais, para a forma como os povos originários se relacionam com a natureza, mas principalmente com a forma de trabalho e os saberes das mulheres”, destaca Elisiane Sousa de Andrade, ma. em Sociedade e Cultura na Amazônia e mediadora do painel interdisciplinar.

O momento reuniu quatro lideranças femininas que resistem nos âmbitos acadêmico, comunitário, político e social. As participantes foram Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues Chaves, professora da UFAM; Jailce Serrão Gonda, representante da Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado do Amazonas (Fetagri/AM); Rosane Gonçalves Cruz, indígena do povo Piratapuia; e Maria Nice Machado Aires, quilombola do estado do Maranhão, quebradeira de coco e secretária da Mulher no Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS).

Maria Nice Machado celebrou a colaboração que o Emflor agrega na luta das mulheres amazônidas, incluindo, as quilombolas. Porém, ressaltou que sem união, os dilemas continuarão a ser vividos pelas amazônidas.

“Enquanto os movimentos sociais e os conhecimentos acadêmicos não somarem forças, [a luta] não vai funcionar. Porque nós, juntas, derrubamos [as dificuldades]. E a universidade precisa conhecer os saberes tradicionais e, isso, só é possível, se ouví-las [mulheres originárias] falar”, declarou.

Nice Machado ainda indicou duas pautas importantes para serem levantadas na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a “COP30”, que vai ocorrer daqui a um ano, em Belém (PA). A primeira seria a regularização de terras em nomes de mulheres, seguida de uma maior ação do Governo Federal, que ainda abre espaço para atitudes predatórias de empresas em terras amazônidas.

O objetivo é constituir uma caravana, com mulheres de diversos povos e localidades da Amazônia, para participar da “COP Paralela”, um evento não oficial da cúpula que vai abordar temas como gênero, equidade e ecofeminismo, que norteiam o 8º Emflor.

“Debates como esses já estão sendo feitos por mulheres da floresta, mulheres das águas. Em diversos territórios, o debate tem sido este: ‘a questão da crise climática e como nós podemos salvar o planeta?’. Então, estes debates são fundamentais para fomentar os que serão realizados na COP 30”, finaliza Andrade.

Mais sobre o Emflor

O Encontro de Estudo sobre Mulheres da Floresta (Emflor) é promovido pela UFAM e o Grupo de Estudo, Pesquisa e Observatório Social: Gênero, Política e Poder (Gepos), que é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) e ao Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), ambos da Universidade Federal do Amazonas.Além disso, tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e congrega conferencistas, palestrantes e coordenadores de Grupos de Trabalhos (GTs) ligados a entidades públicas ou privadas, localizadas em Manaus, Parintins e Tefé, e nos estados de Roraima e Maranhão. Para saber mais, acesse: emflor.gepos.com.br.– 

Por: Up Comunicação Inteligente – Emanuelle Aráujo

COMPARTILHAR

Related posts

Estrelado por Débora Falabella, ‘Cacilda Becker em Cena Aberta’ promete um mergulho sensível na vida da lendária atriz

Ateliê 23 apresenta nova versão do espetáculo ‘Helena’ no Teatro Icbeu

Tem Sesc Aqui acontece neste sábado (13), com show solidário de Ferrugem