A cultura na voz, nas telas, nas poesias e no incentivo à literatura de artistas e produtores artísticos do interior do Amazonas

Luís Netto, Elzimar Ferreira dos Santos, Renata Bentto, Ercules Alves e Raul Perigo participam do projeto cultural ‘Quem é você na fila do pão? MADE IN AMAZONAS’

O poeta e produtor cultural Luís Netto, de Itacoatiara; a professora Elzimar Ferreira dos Santos, de Presidente Figueiredo; a cantora e compositora Renata Bentto, de Rio Preto da Eva; o artista plástico Ercules Alves, de Novo Airão; e o produtor cultural Raul Perigo, de Paricatuba (Iranduba) participam da segunda temporada do projeto cultural “Quem é você na fila do pão? MADE IN AMAZONAS”, que já está no ar pelas redes sociais do projeto (YouTube, Facebook e Instagram).

Luís Netto mora em Itacoatiara e atua na Tacacaria da Casa Amarela, onde acontecem performances de teatro e apresentações de dança, música e outras manifestações artísticas. Ele foi o artista selecionado para a área “Espaço Cultural e Poesia” do projeto e tem como madrinha cultural a atriz, diretora, produtora cultural e educadora Narda Telles.

“A Tacacaria da Casa Amarela está sempre de portas abertas para receber o público interessado em arte e cultura”, contou o artista, que abriu o espaço há cinco anos, após uma conversa entre amigos. Ele conta que, inicialmente, o local começou apenas com venda de tacacá e, em seguida, passou a incluir outras comidas regionais, como o vatapá. E, com o tempo, Luís passou a incluir atrações culturais no local.

“A poesia surgiu na minha vida em 1989, quando eu perdi a minha mãe. Eu tinha 14 anos e a saudade era muito grande”, relembra o poeta, que, a partir disso passou a escrever poesias. Depois disso, passou a participar de concursos de poesias, fez faculdade, se tornou professor e produz textos poéticos até os dias atuais. “Nós que trabalhamos com cultura percebemos que falta a mão amiga do Poder Público para apoiar a arte e a cultura e é por isso que a Tacacaria da Casa Amarela sempre está aberta para receber parceiros que tenham projetos culturais”, comentou Luís Netto, que criou há um ano o projeto “Tacacá com Poesia”.

Já a professora Elzimar Ferreira dos Santos, criadora e gestora da Biblioteca Comunitária Paulo Freire, em Presidente Figueiredo, que já existe há 20 anos. A docente foi selecionada para participar do projeto na área “Literatura”. Ela é afilhada da professora Fátima Souza.

Um detalhe da biblioteca é que ela foi concebida durante uma viagem de ônibus que a professora realizou a uma comunidade rural. A biblioteca é itinerante, possui dois contêineres e possui um acervo de quase 10 mil livros”. “Eu nasci em Anamã, mas moro em Presidente Figueiredo há 33 anos e tenho uma biblioteca na comunidade Cristo Rei do Uatumã”, comentou a professora, que, entre itens do espaço literário que coordena possui a Mala da Leitura. “É uma mala onde coloco livros e levo para todas as comunidades para fazer empréstimo de livros, em escolas, em estabelecimentos. É uma mala de leitura que busca leitores”, comentou a gestora da biblioteca.

A cantora e compositora Renata Bento, em Rio Preto da Eva, entrou no projeto via a área “Música”. Ela é afilhada da jornalista, compositora, atriz, produtora cultural e percussionista do grupo Samba com as Moças, Alessandra Vieira.

Ela conta que, atualmente, tem o privilégio de trabalhar na Prefeitura de Rio Preto da Eva como cantora. Renata explica que a sua carreira foi descoberta por um acaso, porque um ex-namorado, que era músico, a ouviu cantar e gostou da sua voz. Ele a incentivou a cantar junto com ele em shows. Depois de ela aprender a tocar violão com ele, a música passou a fazer parte integralmente de sua vida, especialmente porque ela se tornou compositora. “Eu agradeço a ele por ter me descoberto, até porque eu não me imaginava ser cantora e ele acabou me incentivando”, disse a jovem, que já participou do Festival da Canção de Itacoatiara (Fecani), entre outros eventos artísticos.

O artista plástico Ercules Alves, em Novo Airão, figura na seção “Artes Visuais” e é afilhado da atriz e arte educadora Jôce Mendes. Ercules Alves é autor de diversos trabalhos famosos do município, dentre eles das esculturas da Praça dos Dinossauros, que possui réplicas estilizadas dos animais pré-históricos.

“Tenho 45 anos e sou de uma comunidade daqui de Novo Airão, chamada Sobrado. Costumo fazer trabalhos fora daqui, mas onde eu gosto de morar mesmo é aqui em Novo Airão, onde também desenvolvo trabalho de música, além das artes plásticas e multimídias e também sou mestre de Taekwon-do e dou aulas para crianças e adolescentes em um projeto social”, comentou o artista, que possui licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Unip e em Ensino das Artes pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Ercules Alves é bastante conhecido no município tanto por seus trabalhos artísticos quanto por sua participação no esporte, que inclui diversos troféus e medalhas conquistadas em competições esportivas.

O produtor cultural Raul Perigo, em Paricatuba, participa do projeto pela área “Espaço Cultural e Cultura Hip Hop”. Ele é afilhado do produtor cultural Diego Lima. O jovem é filho do ator e bonequeiro Paulo Mamulengo e trabalha como escultor, alegorista e técnico em arqueologia.

“Além da parte artística, eu já trabalho há 15 anos como técnico em arqueologia na parte de patrimônio”, comenta o artista, que, atualmente, está reativando o Espaço Cultural Mamulengo, criado pelo pai, em Paricatuba. “Exatamente, o grupo Mamulengo, desde a década de 80 trabalhou promovendo a cultura nos municípios do interior do Amazonas, levando arte para as comunidades do Estado, mas sempre com muito foco em Paricatuba, onde hoje foi instalado o grupo Mamulengo. Agora estamos retomando o espaço para justamente trazer cultura e novas oportunidades para as comunidades do entorno”, resumiu o artista.

Sobre o projeto cultural

“Quem é você na fila do pão? MADE IN AMAZONAS” é uma extensão do projeto cultural “Quem é você na fila do pão? Norte-Sul-Leste-Oeste”, criado e desenvolvido em 2020 pelo ator, diretor, produtor e professor de teatro Paulo Queiroz. O projeto teve como objetivo revelar talentos da cidade de Manaus que estavam ocultos em zonas periféricas da capital.

Os participantes do projeto foram selecionados a partir dos seguintes critérios: ser artista, desenvolver atividades culturais relevantes, não ter ainda visibilidade na mídia para si ou para a atividade que desenvolve e ser oriundo de municípios onde há pouco incentivo cultural oficial e acesso à Cultura e, prioritariamente, negros, mulheres, indígenas e pessoas LGBTQI+.

Estes mesmos critérios permanecem nesta nova temporada do projeto, que se caracteriza por um talk-show conduzido por Filó, a Básica – personagem de Paulo Queiroz. Desta vez, o projeto está apresentando ao grande público, local e nacional, por meio de divulgação em redes sociais (Instagram, Facebook e YouTube), artistas das Artes Visuais, Espaços Culturais, Hip-Hop, Literatura e Música de cinco municípios do interior do Estado: Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Novo Airão e Iranduba (Vila de Paricatuba).

Lei Aldir Blanc

Intitulada “Quem é você na fila do Pão? – MADE IN AMAZONAS”, a nova temporada do projeto cultural foi concebida e desenvolvida por Paulo Queiroz, com produção da atriz e diretora Narda Telles, e foi contemplada pelo Programa Cultura Criativa 2020/Lei Aldir Blanc, por meio do Prêmio Encontro das Artes do Governo do Amazonas, e conta com o apoio do Governo Federal, por meio do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e do Fundo Nacional de Cultura, na categoria Artes Cênicas/Teatro/Produção Artística.

A Lei nº 14.017/2020, conhecida como Lei Aldir Blanc, destinou o repasse de R$ 3 bilhões para estados e municípios para incentivar ações emergenciais destinadas ao setor cultural afetado pela pandemia. A lei foi regulamentada em nível federal por meio do Decreto nº 10.464/2020, e em âmbito municipal por meio do Decreto nº 4.923/2020, assinado pelo prefeito Arthur Virgílio Neto e publicado na edição n° 4.944 do Diário Oficial do Município (DOM).

Queiroz explica que batizou o projeto com essa expressão popular porque decidiu “brincar” com essa gíria utilizada pelas pessoas que querem ironizar outras, quando elas querem demonstrar que são superiores às demais, e também porque a frase irônica foi amplamente disseminada na Internet, justamente onde a série de entrevistas feitas pela Filó serão divulgadas.

“Trata-se de uma série de cinco entrevistas teatralizadas, de 20 minutos cada, que foram concebidas para as plataformas digitais e redes sociais. Essa série terá como entrevistados os fazedores de Cultura de Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Novo Airão e da Iranduba (Vila de Paricatuba), que, embora já desenvolvam um trabalho de qualidade e de grande relevância nas suas respectivas áreas, ainda não tiveram uma oportunidade de mostrar ao grande público o seu trabalho e de contar a sua história de vida e artística”, diz Queiroz.

É por essa razão que, de acordo com Queiroz, a expressão “Quem é você na fila do pão?” ganha um novo sentido no projeto criado por ele. “A minha ideia é mostrar que, embora esses artistas ainda não tenham o devido reconhecimento, eles contribuem de maneira ímpar para a Cultura que é produzida na cidade, por isso eles vão dizer quem eles são na fila do pão, ou seja, qual a importância que eles têm no fazer artístico e cultural de Manaus”, ressalta.

“O projeto do Paulo Queiroz é ousado porque é feito de várias camadas que se entrelaçam e, se nós observarmos bem, ele pode ser uma política pública de Estado, que é conhecer as pessoas um pouco mais a partir das suas artes, anseios, desejos, sonhos, que, na verdade, apontam para um pensamento coletivo. O projeto aponta para uma série de carências de políticas públicas de Educação, Cultura, Arte. Então, ele é bem ousado. Ele não vai direto ao artista. Ele provoca um padrinho ou madrinha a revelar alguém que surpreende e que chama a atenção”, comentou a professora Fátima Souza, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que é uma admiradora do projeto cultural criado pelo ator e produtor Paulo Queiroz.

Assista aos episódios do programa

No Instragram, siga a conta oficial do projeto para assistir os episódios (https://instagram.com/quemevoce.nafiladopao?utm_medium=copy_link). No Facebook, os interessados em conhecer o projeto podem acessar o link https://www.facebook.com/quemevocenafiladopao-105389141445198/.

Na plataforma YouTube, o público pode acessar o projeto por meio dos links abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=MhJtjZ7zQ3M (Entrevista com Luís Netto)

https://www.youtube.com/watch?v=uiUiI7B_Z0w (Entrevista com Raul Perigo)

https://www.youtube.com/watch?v=JwwH_q6ssmo (Entrevista com Ercules Alves)

https://www.youtube.com/watch?v=Q52VPrBT2Ik (Entrevista com Elzimar Santos)

https://www.youtube.com/watch?v=99wMASpob4s (Entrevista com Renata Bento)

FICHA TÉCNICA:

PAULO QUEIROZ – DIREÇÃO E INTÉRPRETE DE FILÓ, A BÁSICA.

NARDA TELLES – PRODUÇÃO

DENYS CAUPER E FRANÇA VIANA – ASSISTENTES DE PRODUÇÃO

ALÊ FERRAZ – DESIGN E IDENTIDADE VISUAL

TARCÍSIO MARTINS – IMAGENS

RUAN FOGO – IMAGENS EM PARICATUBA

CHAMEL FLORES – EDIÇÃO DE IMAGENS

GUILHERME GIL – ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

MAQUIAGEM – ITACOATIARA – ANDRÉ DURAND (NOS OUTROS MUNICÍPIOS, FILÓ, A BÁSICA)

FIGURINO – FILÓ, A BÁSICA

MÚSICA DE ABERTURA: “BRASILEIRA”, DE LUCINHA CABRAL, ÁLBUM: CANTOS DA AMAZÔNIA – TRIBOS COLETÂNEA

Por: GUILHERME GIL 

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